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Afinal, é possível ou não ser mais criativo? O que alguém com 30 anos de idade que não se considera do tipo criativo, é  metódico, analítico e racional; o típico lado-esquerdo do cérebro,  pode fazer para ser mais ter mais ideias e ideias de qualidade?

Talvez, entender os quatro tipos de criatividade descritos pelo professor Arne Dietrich o ajude a desenvolver essa habilidade tão desejada no dentro e fora das empresas. De antemão, o que se percebe é que não há um caminho certo, e sim vários, que dependem da atividade, personalidade e do momento de cada pessoa. A criatividade é como um labirinto, você nunca sabe o que vai encontrar, mas se for hábil, usar as ferramentas e estratégias apropriadas e persistir encontrará o melhor caminho.

Empresas podem fazer muito para estimular a criatividade nos seus funcionários, basicamente deixando-os livre e oferecendo ambientes enriquecedores. Ficar sentado 8 horas por dia pode render boas ideias para um projeto X, mas nem mesmo uma ideia “meia-boca” para o projeto Y. Uma possibilidade é abordar a criatividade de diferentes ângulos para agarrar aquela tão desejada ideia criativa.

A criatividade de Thomas Edison (deliberada & cognitiva)

Requer: alto conhecimento e muito tempo para testar.

Considerado o maior inventor da história, Thomas Edison detém o recorde de 2.332 patentes no mundo todo. (Como comparação, o Google detinha 1.124 patentes, antes da aquisição da Motorola).

A criatividade de Edison era do tipo cognitiva e deliberada. Ou seja, um alto grau de conhecimento e esforço. Para usar esse tipo de criatividade (proveniente do córtex pré-frontal), é preciso conhecer muito bem os assuntos envolvidos. É o caso, por exemplo, (de uma maneira mais simplista) de um publicitário que ao pegar o job de uma fabricante de silos para armazenagem de grãos, então visita a fábrica, estuda o produto, falar com engenheiros e entender um pouco do dia a dia de um agricultor.

Com o conhecimento na cabeça, a criatividade entra no  jogo para processar inúmeras combinações possíveis entre os diferentes conhecimentos (mídia, consumo, persuasão, agricultura, benefícios do produto, qualidades, preço), chegando a resultados que outras pessoas não chegariam. Grosso modo, a criatividade nas empresas é chegar a soluções que outras pessoas/empresas não chegaram. Nesse caso, assim como no de Thomas Edison, é com base na tentativa e erro e muito estudo. Acho que a esse tipo de criatividade que Einstein se referia quando disse: “a criatividade é a inteligência se divertindo”.

Este é o tipo mais desejado pelas empresas, obter ideias com força bruta. E funciona, mas nem sempre.

A criatividade pessoal (deliberada & emocional)

Requer: um tempo de quietude e solidão.

Em vez de usar a perspectiva do conhecimento para abordar o problema, este tipo de criatividade foca no aspecto emocional da coisa, e como nós vemos e sentimos ele. Relações com as pessoas, o nosso papel na empresa, nossos objetivos, nossos valores, opiniões, etc. Nesse tipo de criatividade, estamos voltados para nós, tentamos ver o que estamos fazendo de errado, como podemos melhorar, como resolver o problema do ponto de vista emocional, sem dados, atributos, padrões e outras coisas racionais.

O córtex pré-frontal também é usado (uma vez que estamos ciente do problema), mas outra área do cérebro entra em jogo, o cingulato. Essa parte do cérebro é responsável por processar emoções complexas, e ela está diretamente ligada ao córtex pré-frontal. Trocando em miúdos, a grande ideia nasce de uma análise subjetiva e reflexiva, e muito menos analítica e racional.

A criatividade de Isaac Newton (espontânea & cognitiva)

Requer: parar de pensar no trabalho e dar uma volta.

Sabe quando você fica horas atrás de uma boa ideia e ela não vem, aí você abre mão e vai fazer qualquer outra coisa, tomar um café ou olhar um vídeo no YouTube para “arejar a mente”? O tal ócio criativo. Essa técnica muito aconselhada por especialistas tem embasamento científico.

Quando Newton levou uma “maçãzada” na cabeça e conseguiu relacionar a fruta com a ciência e formular sua teoria da gravidade, ele foi extremamente criativo. Tal criatividade só foi possível porque ele não estava trancafiado em seu laboratório, e porque ele já possuía  um vasto conhecimento dos assuntos necessários para formular a teoria. É quando você sabe que tem algo valioso nas mãos, mas não sabe como organizá-las de modo que resolva o problema. Falta um detalhe.

Ao que tudo indica, quando Newton achou o seu “detalhe”, a parte do seu cérebro chamado gânglio basal teve papel fundamental. Ela é responsável por processar informações fora do estado consciente, mas trabalhando em conjunto com o poderoso córtex pré-frontal — responsável por conectar as informações. Se ele não possuísse o conhecimento suficiente naquele momento,  a queda da maçã não teria informação a ser conectada em seu córtex, e tal acontecimento seria como é para a maioria dos seres humanos, “oba! comida”.

Por isso é importante termos experiências diferentes, mesmo quando temos trabalho (criativo) a fazer. Se as quatro paredes estão, de alguma forma, bloqueando a sua mente, parece que dar uma volta no parque ou fazer qualquer outra coisa pode ser extremamente produtivo.

A criatividade artística (espontânea & emocional)

Requer: algo misterioso.

Este é o tipo de criatividade difícil de descrever. É geralmente associada a grandes artistas e músicos, uma vez que ela acontece fora do córtex pré-frontal, sendo a amígdala (não a da garganta) responsável. Isso quer dizer que não exige raciocínio ou análise. Por ser espontânea e emocional,  não adianta ficar esperando, esta criatividade surge em qualquer lugar e a qualquer momento, quase como uma visão, uma experiência mágica e inexplicável. No entanto, eu pessoalmente acredito que ela é produto de uma mente altamente fértil e ativa. Pessoas que estão sempre praticando, lendo, fazendo, meditando sobre qualquer coisa. Ou simplesmente como  uma criança. Este tipo de criatividade não costuma exigir nenhum conhecimento prévio sobre o assunto, nem o compromisso em criar algo, mas geralmente precisa de uma habilidade a qual permita reproduzir tal criatividade. Shazam!

Fonte: Pequeno Guru

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